Vivendo o estresse no dia a dia …

Vivemos tempos onde as relações humanas exigem de nós um alto grau de exposição ou mesmo de uma cobrança social que nos “pede” para que “sempre estejamos bem e felizes”. As redes sociais trazem consigo uma boa fatia destas exigências. Nossa sociedade vive o impacto da depressão, do estresse e da ansiedade. A correria cotidiana, as dificuldades econômicas do país, a insegurança pública e tudo mais, têm gerado uma série de dificuldades emocionais entre as pessoas.

Em todas estas situações, notamos que o estresse muitas vezes se manifesta. A saber, o estresse se instala devido a uma “carga excessiva de estímulos estressantes, situações angustiantes que o indivíduo passou ou está passando, como a morte de alguém importante, o término de um relacionamento, eventos estressantes, onde se enquadram viagens, casamentos, mudança de cidade ou país, situação financeira, doenças ou a simples dificuldade de encarar o dia a dia, e de se adaptar no meio social” (Lipp, et al, 1998).

Muitas são as formas de lidar com estas pressões cotidianas, mas podemos pensar em algumas situações favoráveis em nossos relacionamentos.

Contribuição das tecnologias

Um elemento que se faz essencial, mas que muitas vezes a tecnologia tem tirado de nós, e pode nos ajudar demais, é a conversa, a expressão de nossas ideias e uma boa conversa frente a frente, tendo contato humano de fato, olhando nos olhos e vendo as reações que o outro tem.

É muito fácil “escrever sentimentos ou deixar de escrevê-los” pela tela do celular ou de um computador. Estamos perdendo a habilidade de identificar as emoções no outro, de agir com empatia, ou seja, de nos colocarmos no lugar do outro e sentir sua dor ou mesmo entender as circunstâncias que levam o outro a pensar ou agir de determinada maneira.

Esta “falta de atenção” pode, muitas vezes, levar aos desentendimentos em situações das mais simples possíveis: todos nós conhecemos alguém, algum casal, amigos, colegas de trabalho, que andam se desentendendo demais.

Nossos relacionamentos podem oferecer grande ajuda a quem está bem perto de nós. Quantas vezes, você parou para reparar naquele que vive dentro da sua própria casa, naquele que trabalha com você, no seu marido ou na sua esposa, no seu namorado ou na sua namorada?

Dificuldade no relacionamento

Percebo que muitas das nossas dificuldades nos relacionamentos moram bem aí: na dificuldade em falar sobre o que pensamos, bem como na dificuldade para falar do que necessitamos para nos relacionarmos bem. Parte ainda, da dificuldade que temos em ouvir o outro sem dar uma opinião prévia, ou seja, ouvir sinceramente, ouvir empaticamente, ou seja, ouvir de coração aberto, pois a partir da nossa mudança de atitude mudará também nossa forma de conviver com o outro, bem como em ajudar o outro.

Você tem olhado ao seu redor?

Muitos, bem perto de você, precisam, hoje mesmo, do seu olhar atento, da sua escuta empática e da sua proximidade.

Pense nisto!

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Por que os bebês se apegam a objetos?

É muito comum percebermos como as crianças adotam aquele brinquedo preferido, um cobertor, um paninho, sua chupeta, um boneco de borracha macio de quem ela não larga de jeito nenhum. Esses objetos que envolvem essas cenas nos primeiros meses de vida, receberam o nome de objetos transacionais, pelo psicanalista Donald Winnicott.

Esses objetos trazem à criança uma sensação de conforto e acalento. Ela morde, aperta, mantém ali um relacionamento e uma diferenciação entre ela e o objeto. Coloca naquele cobertor, por exemplo, seus afetos positivos e negativos.

Tais objetos estão próximos da criança em momentos especiais: na hora da alimentação, onde mesmo com a mamadeira ou peito, ela está agarrada no paninho ou num determinado boneco, apertando-o, com uma imensa sensação prazerosa. Na hora de dormir, geralmente, agarra seus paninhos ou bonecos e, geralmente, mais facilmente pega no sono.

Os objetos adotados pela criança, ao olhar dos adultos, parece ter vida própria: e para criança, eles realmente têm vida própria. Recebem nomes, apelidos, são levados para todo canto e, quando saem da vista da criança, geram um sofrimento imenso para os pequenos. Tudo isso porque fazem parte dos vínculos afetivos criados por elas.

Como ao nascer os bebês ainda se percebem na relação eu-outro como um só, esses objetos entram no momento de diferenciação, ou seja, eles substituem e ajudam a criança a perceber outra fonte de proteção que não apenas a materna, uma vez que a mãe não ficará o tempo todo com o bebê no colo. Ou seja, vamos entender esse apego como uma forma de transição.

Ter esses objetos é preocupante?

A resposta é ‘não’. Porém, nem todas as crianças vão adotá-los, e isso não deve ser encarado como um problema. Com eles, o bebê se relaciona, balbucia, beija e também tem atitudes agressivas como bater, jogar o brinquedo ou o pano longe.

Complicado é quando a criança é proibida de estar com aquele objeto ou ele é retirado dela ou trocado a todo tempo. Vamos pensar que, naquele momento, o bebê elege seu objeto preferido e com ele passa a ter um vínculo. Se ele é retirado ou trocado a todo tempo, não há como garantir e manter esse vínculo. O acompanhamento pediátrico ajuda as famílias a observarem o desenvolvimento adequado do bebê.

Os objetos vão sendo deixados de lado à medida que a criança vai se desenvolvendo, socializando-se e descobrindo o mundo nos primeiros passos, quando começa a andar sozinha, a falar e a desenvolver outras formas de contato social. Neste momento, vamos perceber que ela passa a ficar com seu objeto preferido nas horas de dormir, por exemplo, quando está na cadeirinha do carro ou em algum momento de maior relaxamento. Isso deve ocorrer por volta dos 3 aos 5 anos, época onde vai para escola e seu “objeto companheiro” pode ficar em casa ou em sua mochila.

Todos esses fatos são sinais favoráveis e parte do desenvolvimento saudável da criança. Oferecer a ela bons elementos de elo afetivo é papel dos pais e cuidadores. Um boneco, um mordedor, um cobertor ou fralda fazem bem esse papel. São objetos simples, sem necessariamente uma cor, luz, movimento ou tecnologia avançada, pois, nesses primeiros momentos de vida, são estes os melhores para os pequenos. É com a “ajuda” desse brinquedo que a separação da mãe vai se procedendo. Nem todas as crianças os terão; algumas demoram mais, outras adotam até mesmo o comportamento de “chupar o dedo”, enrolar o cabelo, pegar no dedão do pé. Todos eles são parte deste momento e descoberta do mundo, de si e do outro, e certamente são igualmente expressivos para o desenvolvimento infantil.

Neste tempo tão corrido, quando os pais precisam se desdobrar para todas as necessidades do lar, pare um tempinho e observe seus filhos. A cada dia de um bebê, de uma criança, de um adolescente, você perceberá a riqueza de detalhes, as mudanças e o milagre da vida!

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Depressão: quais caminhos seguir?

Vivemos um ritmo de atividades e de exigência numa sociedade que cada vez mais corre por resultados e por sucesso. Num mercado de trabalho altamente competitivo e desafiador, doenças surgem no ambiente profissional e preocupam as organizações e a sociedade como um todo.

Uma das doenças que chamam a atenção, neste cenário, é a depressão. Considerada como uma das doenças que tem crescido de forma expressiva nos últimos anos, tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza.

Podemos pensar na tristeza como um sentimento que nos leva a um processo de reflexão, de estarmos quietos; sentimento que é manifesto frente a perda de alguém, do trabalho, da decepção com algo ou alguém, na frustração de expectativas irrealizadas. A grande diferença é que, uma pessoa triste consegue manter sua rotina diária, seu cuidado pessoal e até mesmo experimentar alegrias que possam surgir neste período. Como fato passageiro, esta tristeza pode ser identificada em sua origem, ou seja, conseguimos descobrir o motivo pelo qual estamos tristes.

Quando falamos na doença chamada depressão, os sinais aparentes de desmotivação, desinteresse, tristeza persistente, falta de desejo de cuidar-se e de dar seguimento às suas atividades cotidianas bem como aquela sensação de ver o mundo “cinza”, sem cor e sem motivos tornam-se mais prolongados e é aí que a intervenção médica se faz necessária, bem como o apoio psicológico para que a pessoa possa reestruturar seus pensamentos e sua forma de lidar com a doença e com a vida. Sabemos ainda que a espiritualidade também tem um papel importante na superação de qualquer adoecimento e também na depressão se faz importante.

Não esqueçamos que, muitas vezes, em nossa família, sociedade, amigos, ainda existe uma dificuldade em compreender a situação da pessoa com está passando pela depressão. Também para o deprimido não é uma tarefa fácil aceitar esta situação e um tratamento. O mais importante é que os tratamentos existem e que acreditar na superação e na melhora é um passo essencial tanto para o paciente quanto para aqueles que convivem com ele. Os quadros depressivos podem ter uma duração de alguns meses ou serem mais persistentes; em ambos os casos podem contar com a ajuda especializada a fim de que as sensações causadas pelo quadro possam ser minimizadas e uma maior qualidade de vida possa ser obtida.

Por mais difícil que seja ou por maior que seja a vergonha ou o sentimento que esteja impedindo você de dar passos não deixe de buscar ajuda; um amigo, um familiar, aquele médico que já conhece um pouco de sua saúde podem ser os primeiros que você possa buscar e assim dar passos ao perceber que este quadro de tristeza possa demorar um pouco mais para passar e tem dado sinais que vão além do usual.

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O uso da tecnologia por crianças e adolescentes e seus riscos

Todos os extremos costumam fazer mal a quem adota tais hábitos, como o excesso ou a falta de alimentos e de água, o excesso de velocidade com o carro. Com a evolução da tecnologia e a facilidade de acesso a ela, um novo questionamento surge em casa: “Qual o risco dessa crescente exposição aos dispositivos de mídia?”. Tablets, notebooks, TVs, celulares… Todos os equipamentos são parte da nossa vida, mas podem e precisam ser melhor utilizados por nossas famílias.

Crianças têm facilidade de adaptação e aprendizado; na verdade, elas interagem mais rapidamente com a tecnologia, porque, muitas vezes, encontram os adultos fazendo uso desses equipamentos e aprendem por observação.

Pesquisas científicas mostram um aumento no risco de vários problemas emocionais e neurológicos frente ao uso superior a quatro horas diárias dessas tecnologias. Quanto menor a idade, menos tempo é indicado para o uso de tecnologias. Mas o que encontramos é uma realidade bem diferente dessa.

Quais os riscos envolvidos? Tais pesquisas revelam que os principais prejuízos são: sensação de solidão, depressão, obesidade, ansiedade, baixa autoestima e aumento de agressividade. As pesquisas, em diversas universidades de renome, indicam que boa parte dos adolescentes que costumam passar muito tempo conectados sentem desânimo, tristeza ou depressão pelo menos uma vez por semana. Este sentimento de vazio pode ser potencializado em uma casa onde todos, nos momentos de possível convivência, encontram-se “conectados” e “isolados” em seu “mundo”.

Todos, em casa, estão com seus celulares, tablets e computadores, muitas vezes, num mesmo ambiente, mas com “zero interação”. Não existem jantares e conversas à mesa. Pouco se fala. Eles não contam suas histórias de vida, não falam sobre o que se passou com eles naquela semana e coisas do tipo.

Existe, então, um risco físico? Estudos mostram que o cérebro superexposto a essas tecnologias pode ter um déficit em seu funcionamento tanto em execução quanto em atenção, pode sofrer com atrasos no aprendizado, raiva expressiva, maior impulsividade, dificuldade de concentração dentre outros. (Small 2008, Pagini 2010). Questões de concentração e memória (sem concentração é mais complicado armazenar dados em nosso cérebro) acontecem, porque o cérebro toma atalhos até o córtex frontal para lidar com tal rapidez de informações. (Christakis 2004, Small 2008). Logo, se uma criança tem dificuldade na concentração, também terá dificuldade em aprender. Nesse sentido, podemos pensar que essa seja uma das causas do aumento de casos de déficit de atenção e hiperatividade entre crianças, especialmente.

O caminho não é a proibição do uso, mas a consciência dele e sua adequação para cada faixa de idade, lembrando que o apego ao uso de tecnologia pode levar a prejuízos desnecessários. Carinho, amor, interação social, contato e outras atividades fazem parte do nosso desenvolvimento saudável.

Como a tecnologia tem sido usada por você e por sua família? Pense nisso!

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O trânsito nosso de cada dia

A correria das grandes cidades ou mesmo a rotina de cada dia nos leva a reagir de forma intempestiva no trânsito.Você já reparou que algumas pessoas correm para chegar no farol vermelho? Ou como as pessoas parecem agir como numa competição no ambiente de trabalho?


Dias atrás estava numa grande avenida de São Paulo, quando me vi tendo que desviar de um motoqueiro apressado e reduzir a velocidade do carro. Um motorista, acompanhado de sua esposa e de seus filhos, ficou irado e começou acelerar o carro. Eu desviaria para uma saída à direita. Ele, então, numa manobra perigosa, numa via que permite trânsito a 60 km/hora, fez com que eu fosse a 90 km/hora numa pista única. Quando consegui, dei passagem, ele abriu seu vidro e xingou-me das palavras mais absurdas. Depois de tudo isto, parou no sinal vermelho e continuou com as ofensas. Senti um misto de raiva, indignação, torpor e decepção.

Naquele momento, vi aquela cena, ele com seu filho pequeno, e pensei: que exemplo de civilidade e comportamento no trânsito este pai está dando ao seu filho? Onde foi parar a paciência deste homem que não foi capaz de esperar, com tranquilidade e de forma pacífica, a sequência do trânsito, como qualquer pessoa normal?

É por estas e outras que vamos percebendo o quanto sofremos pela falta de civilidade no trânsito e pela impaciência na pressa de chegar. Ora se nossas vias permitem velocidades de 40 a 60 km/hora e muitas vezes são cheias, qual o motivo de tanta pressa? É a falta de educação, de percepção das regras simples e das famosas e importantes paciência e gentileza no trânsito. Mais preocupante ainda são os exemplos dados aos nossos filhos, pois a forma de conduzir uma situação pode levar à morte.

Que cultura é esta que, de tão individualista, nos faz esquecer que andamos com outras pessoas no mundo, que dividimos a rua com pedestres, ciclistas, motociclistas, enfim, que o mundo não serve apenas às nossas necessidades, mas também é caminho para outras pessoas?

Gosto muito de uma frase do sociólogo Zygmunt Bauman que diz “Viver em sociedade – concordando, compartilhando e respeitando o que compartilhamos – é a única receita para vivermos felizes”. Acredito que esta consciência do coletivo e do uso público e consciente das coisas nos faz muita falta e permitiria uma vivência mais saudável de cuidado e de paz no trânsito.

O tempo exigente e veloz que vivemos também pode ser um motivo que nos torna agressivos e até competitivos no trânsito. Mas este fato não pode ser uma desculpa para a falta de respeito no trânsito. Pare! Pense!


Está em tempo de revermos nosso comportamento de disputa que se estende para as ruas, num trânsito que naturalmente já é caótico ou inconsequente em várias cidades, mas que precisa ser melhor utilizado. Um ponto simples pode nos ajudar imensamente: entender que estamos num espaço comum, que pode e deve ser utilizado por todos. Assim sendo, precisa partir de nós uma nova postura e relação humana, prevalecendo as dificuldades de convivência.

Que possamos conhecer melhor nossos limites, compreender que a mudança parte de cada um para que o coletivo possa se beneficiar. Este comportamento faz parte do exercício da cidadania, tão esquecida ultimamente.


A cultura da vantagem e do “o que importa sou eu” precisa ser mudada urgentemente. Liberdade é um exercício de consciência! Como condutores, que possamos ter mais sabedoria para conduzir uma máquina que mata milhares por ano. Desta forma seremos exemplos de motoristas conscientes e sábios.

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Filhos em férias escolares: o que fazer?

As férias escolares chegaram e as dúvidas de muitos pais, também. Sabemos que muitos procuram programar-se para um tempo de descanso junto dos filhos, mas isto nem sempre é possível. Muitos pais preocupam-se com aquelas “férias ideais” vividas em um hotel, na praia, em passeios grandiosos, colônias, acampamentos, todas boas opções caso sejam possíveis, mas não necessariamente as que mais agradam ou fazem a diferença na vida de uma criança ou adolescente.

Em tempos de tecnologia e diversões para todos os tipos e bolsos, o que muitos pais podem estar pensando é: “o que fazer nas férias”? Mais importante que o valor financeiro gasto nas férias, é aquilo que podemos oferecer afetivamente aos nossos filhos. As experiências afetivas geram memórias positivas e uma experiência de felicidade, sentimento de amor e satisfação bastante significativa na formação de uma pessoa. Toda atividade que proporcione relaxamento e bem-estar é muito importante, bem como aquelas que exploram a criatividade e o lúdico (o brincar) da criança, e levá-la também aos movimentos físicos.

Não se preocupe em elaborar “super-roteiros” de férias. Tudo aquilo que possam fazer juntos dentro da rotina, mesmo que os pais estejam trabalhando, será importante. Acredito que a organização prévia seja primordial para que não se tenha a sensação de não ter feito nada e as férias terem acabado. Quando programamos as férias, os filhos certamente notarão a preocupação em valorizar este período, seja uma hora ou uma tarde inteira. Eles saberão que haverá um tempo para eles, que haverá aquele cinema com pipoca, o passeio de bicicleta, estar junto contando histórias, vendo um filme ou um desenho animado, fazendo atividades manuais como a pintura, preparando o jantar juntos – envolvendo seus filhos no preparo dos alimentos, desenvolvendo neles o gosto por preparar o alimento e alimentar-se.

Caso seu filho tenha levado tarefa para as férias ou mesmo ficado de recuperação, ou necessite de reforço escolar, planeje para que as atividades não sejam acumuladas todas num período, ou mesmo para a última semana. Uma dica importante é que na última semana de férias já possam retomar o ritmo de acordar e dormir, bem como os hábitos alimentares que, preferencialmente, não devem ser esquecidos totalmente. Claro que férias são férias, e você pode proporcionar aos seus filhos aquele bolo de chocolate ou aquele super lanche que eles tanto gostam, mas nunca deixando totalmente a rotina de lado, pois recuperá-la dará muito mais trabalho. Tenha cuidado para que as férias não estejam delegadas ao cuidado da TV, dos games e da internet, apenas.

Relacionamento se faz diariamente, numa construção que demanda tempo, dedicação e não apenas a presença ou o presente. Soma-se nesta conta a qualidade na convivência: fazer bem, estar de fato “com e para” o filho. Para ter tempo, planeje: achamos tempo para tanta coisa nesta vida e quando se fala em estar com a família, tudo parece mais complicado. E é mesmo, pois relações afetivas implicam em responsabilidade em lidar com assuntos nem sempre tão agradáveis.

 Aproveite as férias de forma saudável e afetuosa com seus filhos! Mais do que o conforto material, estas lembranças de convivência familiar são extremamente importantes no desenvolvimento humano e, certamente, serão guardadas por toda a vida!

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Como você tem construído seus planos?

Em nossa vida fazemos planos, estabelemos metas e, com isso, visualizamos situações que “podem vir a ser”, que “podem ocorrer”, e nos colocamos numa posição de expectativa e investimento de energia, trabalho e emoção. As expectativas de vida podem, em algum momento, concretizar-se ou não.

O acúmulo de expectativas e situações não resolvidas, bem como problemas cotidianos, profissionais e pessoais podem nos levar ao famoso estresse, que não vem apenas por aquilo que está externo a nós e visível, como problemas, pessoas, falta de dinheiro, desemprego, etc., mas especialmente ao que chamamos de fatores internos, e um em especial: a maneira como interpretamos a vida e seus acontecimentos, as pessoas com as quais convivemos, as situações pelas quais passamos.

Geramos ou pioramos um estado de estresse pela forma como encaramos a vida. Quer um exemplo bem simples de como isso acontece? Por um descuido, você bate seu carro. Não é nada grave, não houve vítimas. Qual a solução mais prática? Buscar um funileiro, avaliar os danos, fazer o orçamento, as formas de pagamento, se você pode ou não pagar agora e decidir por fazer o conserto. Isso é prático, racional e direto (mesmo sabendo que haverá um gasto e que você não poderá pagá-lo agora).
 
Porém, um modo que gera grande desgaste é olhar para a mesma situação cobrando-se: “Eu fiz tudo errado! Como pude bater este carro! Eu não me perdoo, sou mesmo um idiota”. Todos esses pensamentos estressantes e autopunitivos trouxeram alguma solução? Certamente não. Percebe agora como nossos pensamentos e crenças pessoais podem influenciar nossa reação diante de um acontecimento?

A forma como interpretamos as situações e o modo como nossos pensamentos se desenrolam desencadeiam, portanto, a produção do famoso estresse. Crença é aquilo que dá significado à nossa vida. Se eu creio em Deus, meus atos tendem a ser pautados por essa crença. Por outro lado, se creio que tudo será péssimo, que não sou capaz, que nada dá certo comigo ou que nunca minhas expectativas darão certo, temos aí um bom caminho para atitudes desfavoráveis e um amontoado de novos pensamentos negativos e um belo caminho para o adoecimento e para um círculo contínuo e vicioso de estresse.

Muitas vezes, quando estamos nesse estado, achamos mil desculpas para justificá-lo: “Estou estressado porque meu carro quebrou”. Ou: “Porque meu time perdeu”, assim como: “Porque meu namoro acabou”, porque … porque… porque… sempre baseados em fatos externos.

Você já parou para pensar qual é a sua parcela de responsabilidade diante do que não deu certo? Será que não é devido à sua forma de ver o mundo que o estresse acontece e com ele todas as consequências físicas e emocionais em sua vida?


Faço este convite a você: pare e observe como você encara o mundo ao seu redor. Este pode ser um primeiro passo para não ser refém da vida e dar um novo significado à sua história.

Aceita o convite? Deixe seu comentário!
 
Um grande abraço!
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O amor tem seu tempo

A urgência dos nossos dias nos faz pensar exatamente na urgência do amor. Quando o sentimento se faz presente entre duas pessoas é muito comum a necessidade imediata de dizer: “Eu te amo”.  Algumas pessoas dizem: “Que loucura! Isso não é amor”; outras afirmam: “Pra que esperar, eu amo e digo!”.

Avaliar nossos sentimentos e todas as implicações que ele envolve também nos faz pensar que os caminhos para o amor nunca são ou estão prontos, mas certamente, passam por nossa maturidade.

A maturidade biológica nem sempre está relacionada à maturidade psicológica. As expectativas dos pais nem sempre serão concretizadas nos desejos dos filhos. Da mesma forma, o que foi vivido no passado nem sempre será válido para as experiências atuais.

Os gregos diziam que amor é “uma questão de despertar para a vida” e, com isso, nem todos despertam ao mesmo tempo, nem esperam as mesmas coisas ou se satisfazem com as mesmas coisas.

Quando se acelera o processo do amor, muitas vezes, se “mata” esse sentimento. É por isso que as pessoas não podem se casar porque os pais delas se admiram, porque as famílias se dão bem ou porque o (a) namorado (a) tem ou não tem um status, ou um tipo de estudo.

Amor requer tempo, conhecimento, – reconhecimento do que gosto ou não –, das minhas limitações e da limitação do outro.
Amor é como uma construção: escolhe-se o terreno, as fundações e a base para que a obra seja realizada, os tijolos vão sendo colocados um a um, até que a casa seja coberta e todo o acabamento interior seja feito. Depois virão os jardins, os detalhes, os cuidados.

E é por isso que o amor não pode ser urgente: uma casa feita às pressas, com material de qualidade inferior, tende a cair antes do tempo. Imaginem se os tijolos desta casa, que é o amor,  forem assentados com areia e água?

Sonhos são muito bonitos nas novelas, mas, na vida real, os caminhos não são prontos. Os caminhos de um casal se fazem pela descoberta das alegrias e das tristezas que os dois podem viver. Estes se fazem ainda pela capacidade de reconhecer no outro aquele que me faz feliz, mas não apenas a única pessoa do mundo que me faz feliz, mas que me completa em parte da vida, que é muito mais do que apenas uma pessoa ou um único motivo.

“Quem quer o amor precisa dar tudo o que tem para possuí-lo (Mt 13,44)” e é por isso que o amor exige dedicação e decisão.

Se você ainda não está pronto para isso, pense se não é tempo de se autoconhecer para conviver com o amor, mas também não espere que esteja 100% pronto para vivê-lo, pois a perfeição não existe, ainda mais quando falamos de seres humanos.

E lembre-se: para tudo existe um tempo: amor, afetividade, sexualidade, cada um deve e precisa acordar em seu tempo, até mesmo para que as experiências fora do tempo e erradas não se tornem marcas negativas no futuro.

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Lidando com o Luto

“A morte como perda nos fala, em primeiro lugar, de um vínculo que se rompe de forma irreversível, sobretudo quando ocorre perda real e concreta. Nesta representação de morte estão envolvidas duas pessoas: uma que é ‘perdida’ e a outra que lamenta esta falta, um pedaço de si que se foi. O outro é em parte internalizado nas memórias e lembranças. A morte como perda evoca sentimentos fortes, pode ser então chamada de ‘morte sentimento’ e é vivida por todos nós. É impossível um ser humano que nunca tenha vivido uma perda. Ela é vivida conscientemente, por isso é, muitas vezes, mais temida do que a própria morte. Como esta última não pode ser vivida concretamente, a única morte é a perda, quer concreta, quer simbólica” (KOVACS, 1992).

É interessante avaliar o medo da morte como algo cultural, construído na forma como fomos criados, pois tocamos naquilo que é desconhecido, que um dia viveremos, mas não sabemos quando nem como. Falo de tudo isto, pois saber lidar com a morte é, na verdade, saber lidar com perdas diárias, mesmo que pequenas.

Estes sentimentos são similares, porque se perde o envolvimento afetivo e todas as conquistas que podem ser obtidas por meio daquele vínculo que se perdeu, como, por exemplo, o carinho, uma posição de destaque, o reconhecimento, a proximidade, a troca e tantos outros sentimentos e situações que deixam de ocorrer com a perda.

Elaborar o luto é viver os sentimentos tais como eles são: com choro, com reservas, com necessidade de falar; lidar com a raiva, o desapontamento e todas as formas com as quais a pessoa consiga manifestar, a seu tempo, tudo aquilo que sente. Pessoas de confiança e proximidade são muito importantes neste tempo, mas devem deixar que a pessoa também se manifeste. Frases como: “não chore, não seja fraco, ele não gostaria de te ver chorando” nem sempre ajudam, uma vez que a forma de manifestar a dor, em cada um de nós, é diferente. Como percebemos, viver o luto é um processo que, passo a passo, vai sendo superado. Em datas comemorativas – aniversário, Natal, Dia dos Pais, dentre outras, a pessoa será lembrada e os sentimentos em cada fase serão os mais variados. Apenas quando os sintomas negativos forem persistentes e duradouros demais, podemos pensar que a superação desta perda e suas etapas não foram bem vividas, tanto no mundo externo quanto interno da pessoa.

Se esses sintomas forem fortemente repetitivos, quando se aproximam essas datas este é um forte sinal de que a pessoa não está vivendo corretamente as etapas necessárias para a sua superação, tanto em seu mundo externo, quanto, principalmente, em seu mundo interno.

Em tudo, lembramos ainda que o conforto espiritual é muito importante e até mesmo diferencial em todas as situações que vivemos, especialmente no luto, pois a fé também é o alimento que nos sustenta nesta caminhada sem aquela pessoa que tanto amamos e de quem tanto sentimos falta. Sentir e vivenciar este processo doloroso é essencial para este momento de superação, ou seja, lembrar o que foi bom, perdoar as mágoas, não se culpar por aquilo que eventualmente não tenha feito pela pessoa que se foi e acima de tudo, viver esta dor partilhando com alguém, sem medo de chorar e colocar para fora o que sente e, desta forma, podendo superar esta etapa de vida.

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Dizer “sim” e dizer “não”: construindo adultos saudáveis

Você já notou como lida com seus impulsos, com aquela vontade irresistível de fazer algo? Controlar nossos impulsos significa quanto conseguimos ser capazes de adiar a gratificação por algo e com isto, fazer escolhas mais inteligentes ou adaptáveis. Sabe o que é mais interessante: o controle dos impulsos se dá em nossa infância, quando lidamos com as primeiras frustrações e gratificações.

Quando dizemos “não” a nós mesmos, aprendemos a autodisciplina, palavra tão conhecida entre nós e citada em revistas, artigos, programas de tv; esta habilidade é capaz de gerar felicidade e sucesso.

Aí começa o desafio dos pais, cuidadores, professores, pois crianças nunca aprendem a autodisciplina sozinhas, mas também não aprendem na escola ou na sala de aula. Não há curso para autodisciplina. Aí entra a habilidade dos pais em dar limites e ensinar que para cada ato há uma consequência, que as escolhas levam a determinados caminhos, positivos ou negativos.

Ao deixar claro para uma criança quais as expectativas que se tem sobre algo ou os limites e o resultado sobre aquilo que não se cumpriu, tudo fica mais claro. Ou seja, a criança aprende, desde pequena, que se optar por algo errado, receberá sua escolha em troca, experimentando o resultado negativo das escolhas que fez.

O que é mais complicado quando é necessário “dizer não” para seu filho? Muitos pais podem dizer que a dificuldade está em ver que o filho ficou infeliz, ficou triste, desapontado. Claro que, como pais, o que se tenta fazer muitas vezes é, de fato, evitar o sofrimento, mas isto se torna uma forma enganosa de proteger; será muito mais produtivo dar aos filhos formas de lidar com a perda e com isto, criar formas de “amortecer” as situações e lindar com os obstáculos da vida.

Dizer “não” é muito mais complicado do que dizer “sim”; porém, olhando para o futuro os resultados de um “sim” e um “não” no tempo certo, fazem toda a diferença quando seu filho for adolescente ou adulto. Não diga “sim” para acalmar o choro ou a irritação do seu filho, mas diga “sim” quando é necessário e “não” sempre que preciso, para que não colha dificuldades em longo prazo.

Na autenticidade e na democracia da relação pai e filho, nos dias atuais, cresce e liberdade em dizer e posicionar-se, porém, não podemos esquecer do papel de modelagem de comportamento que damos ao filhos. “Ninguém pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites — e isso inclui compreender que nem sempre se pode fazer tudo que se deseja na vida. É necessário que a criança interiorize a ideia de que poderá fazer muitas, milhares, a maioria das coisas que deseja — mas nem tudo e nem sempre. Essa diferença pode parecer sutil, mas é fundamental.” (Zagury, T.)

Este é o desafio da persistência, do amor, do cuidado e da certeza, que um “sim” e um “não” bem colocados, e ao seu tempo, farão toda a diferença na construção de adultos saudáveis e resistentes aos embates da vida.

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